25 de fevereiro de 2011

"Cama compartilhada" (parte 2 - deixo bebê dormir comigo?)

 
Durante milhões de anos nos tempos pré-históricos, as crianças humanas
provavelmente dormiam com suas mães. Nas tradicionais culturas tribais de
hoje a prática de dormir com as crianças ainda é totalmente comum. Porém,
nas culturas tecnologicamente avançadas da América do Norte e Europa, esta
prática foi amplamente abandonada em favor dos berços. Na maioria das
casas, a criança nem sequer dorme no mesmo quarto que seus pais.

Durante o século 20, as crianças das sociedades tecnológicas foram mais
separadas de suas mães do que em qualquer época anterior na história da
nossa espécie. Mais e mais nascimentos aconteceram em hospitais, e os
berçários nos hospitais foram inventados para proteger as crianças de
infecções. Desde o início, esperava-se que os bebês dormissem sozinhos,
longe de suas mães. O declínio da amamentação, promovido pela empresas
produtoras de leites substitutos, mais tarde contribuiu para agravar esta
separação entre mães e bebês. 

Durante a amamentação, as mães normalmente produzem hormônios (como a
oxitocina e a prolactina), que ajudam a criar um forte desejo de ficar
perto dos seus bebês. O aleitamento por mamadeira priva as mães dos
hormônios e elimina a necessidade da presença da mãe biológica. O resultado
de todas estas influências é que, por volta de 1950, pouquíssimos bebês nas
nações industrializadas ocidentais dormiam com suas mães.

Quem sabe o crescente aumento da sexualidade e gravidez na adolescência
não esteja relacionado com uma necessidade de ser tocado mais do que um
verdadeiro desejo por sexo? A expressão "dormir com alguém" implica em
fazer sexo. Talvez esta expressão reflita uma necessidade universal não
atendida na infância de dormir junto com os pais e receber carinho e toque
deles durante a noite. 
 

Felizmente, a prática de dormir com os bebês e crianças pequenas está
começando a ser amplamente recomendada e aceita no Ocidente
Industrializado, já que os pais estão começando a confiar em seus impulsos
naturais de dividir a cama com seus bebês. A partir de 1970 alguns livros
começaram a recomendar que os pais dormissem com os bebês. Agora há muitos
livros que recomendam a cama compartilhada, mais conhecida como
"co-sleeping" ("sono compartilhado").

Os bebês têm fortes necessidades de conexão que pesquisadores científicos
estão apenas começando a entender. A necessidade de contato físico, tanto
de dia como de noite, é uma necessidade vital e legítima durante os
primeiros anos. Anna Freud, a filha de Sigmund Freud, reconheceu isso
quando escreveu: "É uma necessidade primitiva da criança ter contato íntimo
e aquecedor com o corpo de outra pessoa enquanto pega no sono...
 A necessidade biológica do bebê pela presença constante dos cuidados de
um adulto é desconsiderada em nossa cultura ocidental, e as crianças são
expostas a muitas horas de solidão devido ao conceito equivocado de que é
saudável para o jovem dormir ... sozinho." 

Alguns especialistas em educação infantil defendem que os bebês nunca vão
querer sair uma vez que tenham sido levados para a cama dos pais. Isto pode
ser verdade durante os primeiros anos quando as crianças precisam de
intimidade e segurança. Porém, não precisamos forçar as crianças a ficarem
independentes. Isto ocorre naturalmente quando a criança supera suas
necessidades de bebê. 
 

Pesquisadores estudaram os padrões de sono e as ondas cerebrais dos bebês
que dividem a cama com suas mães, comparados aos que dormem sozinhos. Os
bebês que dormem com as mães despertam mais vezes e também ficam menos
tempo em sono profundo do que os bebês que dormem sozinhos. Isso se deve
provavelmente aos sons e movimentos da mãe durante seu próprio sono.

Este estímulo durante a noite foi sugerido como uma possível proteção
contra a síndrome da morte súbita infantil (SIDS). Uma teoria para a causa
da SIDS é que as crianças dormem tão ruidosamente que são incapazes de
despertar a si mesmas e continuar respirando durante um episódio de apnéia.
Estudos comparativos entre várias culturas mostraram que, nas culturas em
que os bebês são pegos no colo regularmente e em que as mães dormem com as
crianças, a média de incidência de SIDS é mais baixa comparada às médias
das culturas em que estas práticas não são seguidas.

Dormir com seu bebê pode exigir tempo de adaptação, mas com um pouco de
insistência, dividir a cama pode se tornar um prazer para todos.
Entretanto, se isso não funcionar bem para você, então pelo menos você pode
proporcionar a intimidade física a seu bebê até que ele adormeça, e pode
atendê-lo prontamente quando ele acordar durante a noite.

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