25 de fevereiro de 2011

"Cama compartilhada" (parte 4 - dez motivos para dizer sim!)



Em nossa cultura, é costume que as crianças durmam em berços em seus
próprios quartos. Muitos pediatras, especialistas e pesquisadores já
questionam a sabedoria desta prática. 

Compartilhar a cama com a sua criança remove os obstáculos a uma boa noite
de sono e ao prazer em relaxar para pais e filhos. Não só você tem certeza
sobre o bem-estar do seu bebê porque a criança está bem ali ao seu lado,
como seu filho se sente seguro, protegido e chora menos porque sente a sua
presença e também tem a oportunidade de ser amamentado durante a noite.

Até mais ou menos o 15º século, não se pensava muito sobre as formas de
dormir. Nesta época, alguns começaram a dizer que as crianças não eram
inocentes e que dormir junto e tocar uns aos outros poderia levar à
promiscuidade. Entretanto, isso teve pouco efeito imediato, porque
compartilhar a cama era a forma como a maioria das famílias dormia naquele
tempo. Muitas famílias eram pobres ou modestas, e não tinham espaço para
acomodar cada pessoa em seu próprio quarto.Uma criança cujas necessidades são atendidas está mais apta a crescer com
uma independência saudável. Existe também toda uma gama de outros
benefícios em se compartilhar o dormitório.

Quando a criança está no útero, ela está fisicamente conectada à mãe pelo
cordão umbilical. O líquido aminiótico e as fortes paredes do útero
promovem estimulação tátil. A criança sente a conexão física. 
Quando o bebê nasce, em geral, o bebê dorme em uma cama sozinho à noite ou
durante os cochilos diurnos, assim como fica algum tempo no balanço,
bebê-conforto, moisés e outros aparelhos projetados para segurá-lo de modo
que não tenha que ser carregado no colo.  Isso é fonte de frustração e ansiedade para o bebê, que estava acostumado a sentir constantemente a
conexão física com sua mãe. Colocá-lo em uma cama sozinho, em outro quarto,
longe dos sons e sinais familiares, e longe do contato físico de que ele
precisa pode produzir muito medo no bebê. Como ele ainda não teve a
experiência ou o desenvolvimento cognitivo para lidar com estas situações,
ele precisa da presença de outra pessoa para mediar os efeitos destas
experiências emocionais. Muitos ditos "especialistas" hoje em dia clamam
que você coloque seu bebê em sua própria cama e o "deixe chorar". Isso só
cria uma atmosfera de medo e frustração para a criança, que não entende
porque você se recusa a cuidar dela. Um sentimento muito básico de
desconfiança começa a se desenvolver.   

* Em seguida, dez motivos para dizer sim a "cama compartilhada":
 
1. Os pais dormem melhor.
Quando o bebê dorme junto da mãe ou pai, acorda menos. A pessoa que mais
dorme ao lado do bebê (quase sempre a mãe por causa da amamentação e de seu
intuitivo instinto materno de proteção) aprende a sentir quando o bebê está
para acordar, e é capaz de reconduzir o bebê gentilmente ao sono antes que
esteja totalmente acordado. Quase sempre só é necessário um toque. O bebê
em contato com o corpo da mãe acorda raramente e consegue voltar a dormir
por si só porque se sente seguro e protegido. Se o bebê precisa ser
alimentado, a mãe pode fazer isso sem necessidade de um despertar total.
Porque não é preciso levantar-se da cama para chegar até o bebê, e ambos
dormem melhor.
 
2. Levar o bebê para a cama não é uma luta.
Muitos pais não estão prontos para dormir quando o bebê já está. Eles
muitas vezes levam o bebê para sua cama, se deitam com ele até que
adormeça, e depois se levantam e continuam com suas atividades. Este é um
processo relativamente rápido, ao contrário das longas rotinas para a hora
de dormir que são preparadas para fazer com que o bebê queira ir para a
cama sozinho.
 
3. Tanto os pais como as crianças gostam do sentimento de proximidade: 
Por que maridos e mulheres dormem juntos? Sexo não é a razão principal. É
o mais maravilhoso dos sentimentos do mundo adormecer junto de alguém que
você ama, vendo-o dormir, colocando seu braço em volta dele. Enquanto
adultos, nós não nos negamos este prazer, mas esperamos que nossas crianças
aprendam a gostar de dormir sozinhas. Se não nos negamos este prazer, por
que deveríamos negar a eles? Há uma relação especial que é construída entre
os pais e a criança que dorme junto com eles. Há uma proximidade que não
observei em famílias que dormem separadas. 
 
4. Previne pesadelos, medo de escuro, e terror noturno.
É raro que crianças que dormem com os pais tenham pesadelos recorrentes e
sérios e não-especificados medos do escuro. A maioria das crianças
desenvolve esses medos como conseqüência de ter que aprender a se esforçar
para dormir sozinho. Esta é uma das razões mais comuns para que os pais
permitam à criança dormir com eles. Dormir com sua criança desde bem o
começo de sua vida pode ser preventivo. Uma vez que a criança tem um medo
irracional do escuro, você nunca vai convencê-la de que não há nada do que
ter medo, pelo menos até que ele seja bem mais velho. As crianças aprendem
pela experiência, e sua experiência foi de que quando está no escuro,
tentando dormir em sua própria cama, ficaram com medo. De fato, não é o
escuro que faz com que tenha medo, é a ausência do papai e da mamãe. O
fenômeno da ansiedade de separação começa quando a criança está entre 6 e 9
meses de idade, e pode normalmente continuar até após 2 anos. Durante este
período, o medo que a criança experimenta ao estar longe do papai e da
mamãe fica associado com qualquer estímulo que esteja presente na hora da
experiência. Eles podem vir a ter medo da cama, do quarto, do escuro, ou de
qualquer outra coisa presente naquele momento. Mas a origem do medo é a
ansiedade de separação, não o escuro em si. Prevenir a ansiedade de
separação colocando a criança para dormir com você ajuda a evitar aqueles
medos irracionais noturnos.


5. Os pais ficam mais conscientes das condições da criança durante a noite. 
 Quase sempre é difícil monitorar as condições da criança quando estão em
um quarto diferente. Alguns pais dizem que se preocupam menos e dormem
melhor quando suas crianças estão bem ali ao seu lado. Acredita-se
atualmente que dormir junto é uma importante medida preventiva para a SIDS
(Síndrome da Morte Súbita Infantil). Bebês e pais que dormem juntos acabam
sincronizando seus estágios de sono - a respiração e os movimentos dos pais
moldam o comportamento de sono da criança até que eles dormem e acordam ao
mesmo tempo. Os bebês são menos propensos a experimentar apnéia do sono, e
se tiverem um desses episódios, os pais estarão mais aptos a notar que a
criança não está respirando. Isto reduz a incidência de SIDS. As crianças
que dormem com os pais tem um comportamento de sono mais saudável.


6.É um método confiável e natural de planejamento familiar.
Amamentação por demanda suprime a ovulação. Dormir junto facilita a
amamentação contínua, e sob estas condições é um controle de natalidade de
97% de eficácia. Isto só é verdade se a criança é amamentada de forma
exclusiva (sem mamadeira complementares), e é alimentada normalmente não só
por nutrição mas também para ser consolada quando está em desconforto ou
para que adormeça. 

7.É uma solução para a falta de espaço ou aquecimento inadequado.
Nos tempos antigos, havia razões para dormir junto. O bebê tinha que ser
mantido aquecido para que sobrevivesse, e toda a família freqüentemente
dormia em um só cômodo porque era o único que existia. Dormir junto pode
ser uma solução para estes problemas nos dias de hoje igualmente.  
 
8. Encoraja os valores de cooperação e interdependência
 Qualquer um que tenha tido um filho sabe que a criança se esforça para se tornar
independente desde o momento em que nasce - isso não é uma coisa que precise ser ensinada.  A interdependência, porém, é uma coisa que precisa
ser vivida para ser aprendida.
 
9. O pai sinaliza respeito pelas necessidades da criança  
Este é o fundameto da boa auto-estima. Se a criança ao dormir sozinha está
verdadeiramente amedrontada, e ninguém aparece quando ela chora, que
mensagem ela recebe? "Não posso confiar em meus pais para cuidarem de mim.
Se não posso confiar neles, talvez não possa confiar em ninguém. Por que eu
deveria respeitar os meus pais, se eles não me respeitam?" 
 
10. As mães adquirem confiança em suas próprias habilidades intuitivas
Quando a mãe segue o que seu coração diz que é o certo para sua criança,
ela aprende que é competente e apta para tomar as melhores decisões para a
educação do seu filho. Ela aprende a confiar em seu filho e em si mesma.
Ela desenvolve auto-confiança, e não sente que seja necessário consultar um
"especialista" para decidir o que ela tem que fazer. 

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